terça-feira, 21 de setembro de 2010

Concordo!

http://thesisdifficilis.blogspot.com/2008/06/mais-uma-de-amor.html

O amor é um dos temas que mais inspiram escritores por aí. E quem não gosta de ler uma boa história de amor? E sobre o amor em si esse sentimento que eu não entendo direito. O amor atinge a gente de um jeito absurdo. Muda, transforma, anima, incomoda. Tudo isso junto e muito mais. O amor lírico é o mais aclamado. A idealização do encontro, do ser amado e do felizes para sempre. Não que eu não goste, mas nunca acreditei muito nisso. Prefiro os amores viscerais. O amor afinal não vem para trazer paz nenhuma. Esquece. É desejo, pessoas misturadas, aflição, felicidade angustiada. Não saber onde acaba um e começa o outro. Carne, cheiro, gosto, gozo. Aceitação do outro, receptividade, descoberta, in-ti-mi-da-de. É, o amor é mesmo essa coisa que faz com que a gente se sinta mais vivo. Só vale a pena assim, né? Outro dia encontrei uma definição do Caio Fernando (é, ele de novo) que traduziu de forma bem cortante esses meus pensamentos sobre o amor. Aí, vai:



- Pode ser, mas... Suponhamos. Eu já vivi isso. E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.




(Caio Fernando Abreu - Pela noite)

Um comentário:

Rosana disse...

Esse tal de amor faz a gente ficar muito feliz, mas o sofrimento tbém aparece e acaba com tudo, as vezes queria que esse tal de amor sumisse dentro de mim, pois me entrego de corpo e alma e por esse motivo sofro com o Amor.