segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Alguma coisa igual a começo

Que esse texto comece tal qual Garcia Márquez, conseguindo apreender a essência do que compreenderíamos como humano ou homo-sapies. Somos seres familiares, sociales, sempre relacionais. A vida em isolamento provocaria nosso declínio. Somos seres dependentes da infância até a morte. Assim é que a família, a história, o tempo e tudo mais passam. Como um tornado, uma tempestade, as coisas são varridas e é assim que pretenderia explicitar os caminhos por onde Márquez passou, onde quero eu também passar.
Antes que essa tempestade descida desorganizar meus sistemas, reformular minha imaginação, re-colorir meu empírico, irei entintuar algumas memórias.
Não sei se as lembranças manterão alguma fidelidade, ou mesmo meus dedos preservarão a paciência do papel fixando o passado, reavivando meus batimentos quando ouvia o canto de querubins.
Talvez o começo que eu conseguirei tecer não seja institucional, mas certamente o é sentimental.
Nos mapas paternos uma família de passado turvo entre uma Vóneuza filha de descendentes italianos com muitos tios perdidos nesse caminho longo. Seu Domenico e Dona Maria, ancorados no Bexiga traçam o compasso desse esquadro.
No outro paralelo uma família de migrantes sertanejos no sentido baiano de deslocamento. Chegaram em Guarací, local onde a matriarca Etelvina ainda hoje detém o poder criador. Como a um templo, retornando a esse ponto comum a procura de origens jamais encontradas. Ali a família Cardoso se faz coerente e infelizmente lhes dou meu diferencial: eu nasci com um z.
Quimicamente essa mistura fermentou transferindo-se de um Paulo a outro (São Paulo até Paulo de Faria) os laços Diomar e Neuza. Um álbum que possui mais quatro figurinhas: Deise, Eduardo, Fernanda e Carina.
Irmãos característicos pelo desejo inocente de trabalho, sem ambição natural e grande poder nas palavras. Seu caráter homogêneo sintetiza o poder de uma personalidade fixa e esconde os medos de uma certeza também fixa.
Um pequeno caldo de algo que posiciona-se ao lado esquerdo de Libra. Claro que cada espírito possui mais e mais histórias, eu mesmo poderia presentificá-las em maiores detalhes, mas não o farei.
Vamos falar do lado direito dos ombros de Libra.
Família há muito tempo brasileira prefere definir-se por outra dualidade, Mineiros Menezes, Paulistas, Marques, Oliveiras e etc. Nesse caso o laço comum é outra forma de sertanejo. Caipira de lenha e pão-de-queijo atravessaram o rio grande que separa o estado, após muitas misturas: portugueses e índios, portugueses e portugueses... Na cidade dos Patos, Anastácio, filho de Lourdes e Michilim encontrou a supremacia nascida nas pontes.
A Vózinha, também conhecida por Dona Neném, Maria, Ambrósia, Moça da Farmácia do Postinho e blá, blá, blá, possui raízes firmes em Paulo de Faria. Tendo recebido dons tão caros ao espiritismo, uma médium natural pelos poderes de Peixes, curando com a mesma força de Jesus o Cristão. Amando mais que Deus o católico, transcendendo mais do que Allan Kardeck o espírita, comparo ela a Mel Strip no filme Casa dos Espíritos.
Minha bisavó, Bertolina a qual eu chamava de Vózona, transferiu esses dons, bem como as maldições. Algo que migrou, que eu saiba quatro gerações: bisavó, vó, mãe e futuramente eu. Nossos grandes potencias minados pela melancolia.
Enquanto isso o caipira toca dentro de nós a alegria e as lágrimas. Porém, sigamos com o toque do violão. Outro lado, outras histórias e novamente muitas folhas jogadas ao vento do mundo mágico já no passado.
Foi nesse caldo primordial do irreproduzível, do acidental que várias variáveis cruzaram caminhos em uma loteria cósmica gigantesca. Anunciando lentamente o momento no qual tentarei me introduzir de forma mais ativa nessa história longa, confusa e... Seria possível dizer verdadeira? Ah, sei lá! Vamos apenas seguir com as palavras e ver onde é que essa ventania poderá nos levar. Entretanto, agora eu vou dormir.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Só uma lágrima.

Estive pensando por que é que escrevo tanto? Não é por sobra de tempo, mas sim uma vontade compulsiva de mentir e dizer a verdade para mim mesmo. Entretanto a coisa mais importante é o fato da escrita me distrair, me fazendo sentir certo conforto. Parece que escrevendo eu não estou mais sozinho.
Quando falo em sozinho me refiro a um aperto físico, até mesmo porque eu sei que existem amigos, família e etc. O que falta é... [não interessa].
Literalmente minhas angústias nunca cessam, não há final para essa compulsão por melancolia. Tudo isso porque sinto a desilusão de um futuro frio...
Não adianta lutar, correr atrás, deixar a vida seguir e laia, laia. Foi assim que me tornei pessimista desses dias para cá. Estou caindo e o buraco parece mais fundo.
Antigamente uma mão me salvava, sendo também este um dos motivos dessa amnésia que me engole. Sem lembrar não sinto; Sem lembrar não perco; Sem lembrar não lamento e sem lembrar não preciso reconfortar minha baixa-estima comigo mesmo.Falta descobrir o que fiz de errado em não poder dormir mil anos. Ser envenenado por uma bruxa que inveje minha tristeza. Ta faltando mais conto porque fadas já têm de mais. Enquanto isso vou mordendo o dedo... e se quiserem eu também faço programa.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

The Royal?

Ouvir o som de algo que esfarelou-se, falas vazias em uma sala lotada. E lá vou eu de novo falar um pouco mais do mesmo, as mesmas reclamações/exclamações cotidianas. São sensações de isolamento perante a contemplação da minha vida em cor de rosa. Tendo reprimido aquele olhar realista e fantástico. No lugar disto, preferi morder lágrimas amarradas por tinta, caneta e livros.
Estudar, estudar, to cansado de tanto estudar e ser tão pouco. De tanto querer qualquer coisa e ser tão pouco.
Tudo;
Pouco.
Mesmo assim eu não penso em virar pozinho, nem pedrinha, adubo, enfeite ou livro didático pré-testes. Vai saber o que quer um excêntrico Tenenbaum: tristeza, drama, atenção, dinheiro, amor, ruína, suicídio, incesto, cigarros, segurança, família, um dedo de madeira, etc.
Uma pitada de desventuras e lápis preto dão um tom chique ao romance que tenho escrito.
Nascido sem planejamento ou fórmulas, fui crescendo. Sem vínculos as ruas foram me apresentando o diverso de forma livre e incomum.
Claro que traumas e desconcertos me foram presenteados. Quando achava que meu umbigo já estava lotado, descobri novos limites.
O ser família segue como um tornado cíclico e destrutivo. Forma, constrói ][ do mesmo modo que destrói círculos. Amigos passam, alguns grudam, outros machucam, entretanto no final nada fica. Nem eu, nem você.
No presente momento tento digerir esses caminhos por onde andei, tentando descobrir algo novo que me anime permita novas práticas vampirescas. Provavelmente é isso que me falta, sangue e boas dentadas.
Que bonitinho, até parece que estou dançando tango, bem agora quando começo a refletir sobre quais são ou não minhas perspectivas. A teoria que tem vencido é a de um individualismo cristão exagerado.
Exagerado é algo comum para alguém tão passional quanto eu. Mas enfim, como dizia, estou tão centrado numa radicalidade de individualidade que qualquer coisa não tem mais importância. Tudo não passa de um jogo de forças (ideologias) onde tudo seria imaginação/invenção.
A realidade ultrapassa a capacidade de compreensão do homem, quando apreendemos qualquer coisa isso já é uma pequena parcela do mundo traduzida em símbolos, significados e outras coisas sempre subjetivas. Nos basta manipular esse mundo metafísico segundo a sorte dos desejos camaleônicos que nos faz homens (humanos).
Ai, não quero falar mais sobre isso hoje, afinal de contas, não tem importância. E nada disso trará o Sr. Royal Tenenbaum de volta.
Flores para vocês meus amigos que há tantos dias não me dizem Oi!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Me-me-me...

Dorme em mim minha memória embebida por muito vinho, sangue e sentimento. Adoecendo mais do que meu corpo até atingir aquilo que chamaríamos vulgarmente de alma ou espírito.
O sopro de uma amnésia branca, azul, rosada (não consigo saber ao certo. Eu não me recordo) atacou minhas fotografias.
Minhas músicas, minhas palavras, meus sentimentos tudo esfarelou-se. Um pó satânico que corrói, corrompe e impregna as dimensões. Tudo está tão incerto, encoberto por algo sombrio, coisas as quais não consigo definir.
O que é medo? O que é a felicidade? O que é estar vivo?
Estou tão triste com essa magia... [Desanimo] [Alzheimer]
Estou tão petrificado com essa carência...
Estou tão perdido com toda urgência.
Em Pandora me inspirei para guardar quantos tesouros consiga, em cada pessoa que comigo esteja nos momentos de vida.
A maçã podre caída do paraíso a qual mordi e destruiu minhas fortalezas sexuais foram responsáveis também pelo seqüestro do deus Onírico e conseqüentemente o assassinato da Mnemosine.
Os lapsos já são a memória e a memória tornou-se pequenos fragmentos voando impacientemente, quando não, quando nunca, repousando poucas vezes no meu ombro.
Ao menos as lágrimas ficaram (des)significadas, os sorrisos transparentes, o ódio adocicado e o amor tornou-se “impar”. Coisas essas resultado dessa grande perda. Perda essa muito poderosa, assassina de mim, do eu, do alterego e qualquer outro morador.
Perda do metafísico e a insustentabilidade do empírico, do Padre Hume.
Não adianta trocar os óculos, tomar remédios, cantar Mari, dançar Ruana...Assim funciona meu espírito de elefante envolto na ejaculação farpada do TOC irmão, quase gêmeo da Depressão.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Cego não! De olho no dedo!!!!!!

Que felicidade poder imaginar que realmente o mundo vai explodir. Melhor ainda, será se eu agüentar esperar para ver tudo isso acontecer. Tão próximo tão doce o som da histeria que se aproxima muito semelhante ao som de uma Rave.
Como bom Camaleão, à lá “Mutantes” da Record, eu vou me sentindo e experimentando os fluxos de sensações sociais. Ressentindo em informar aos desavisados, porém, a sociedade como um todo é suicida.
Tentem visualizar isso: jovens que não se importam, e se se importam não possuem o controle necessário de uma coerência. Os velhos aguardam por punhais, correndo num fio de vida enquanto sugam e arranham mais o planeta.
Ambientalistas e outros istas tentam salvar alguma coisa, tentam preservar e não percebem como isso contribui para o bum final. Já os intelectuais continuam intelectuais, e os lideres ainda aguardam nossas ordens para finalmente apertar o botão vermelho.
Coitadinhos dos índios, não terão nem tempo para pedir a um deus qualquer que mande raios fortes o bastante para explodir as ilhas onde refugiam-se vaidades, egos e muitos cigarros.
O povo, os homens trazidos nas asas de Lúcifer, finalmente matarão seu Deus carnal. Concluiremos com a filosofia de Platão nos tornando espíritos, idéias ambulantes... Gostinho doce de limão azedo que enruga a cara, mas que de nada adianta porque o sabor permanece.
Por isso estudo; por isso danço; por isso bebo; por isso mato; por isso morro e por isso também que não amo. Vamos continuar mexendo pecinhas, brincando de viver e fazer coisas que os vivos fazem. Desde que para isso Tim Burton e os mortos continuem fazendo o que eles deveriam fazer.
Nessa postagem sim me sinto pessimista e não quero falar sobre, já está tudo fodido mesmo, portanto basta saber o que nos resta a fazer: fazer algo ou finalmente deixar de fazer qualquer coisa.Não sei se vou lembrar, entretanto teria como resumir tudo em uma fala do filme da Poullan: “O bobo quando o dedo aponta alguma coisa olha para o dedo”.