sexta-feira, 27 de junho de 2008

Deixe de besteira Aleksandr Bruno!

Me sinto sempre como um ser de um não lugar. Não sei se isso remete a minha condição de antropólogo em estranhar constantemente tudo o que consigo dentro do rio em que me afogo. Tanto o rotineiro como o que chamaríamos de diferente, de outro, me são sempre coisas distantes.
Talvez seja um vício querer me encaixar em algum fluxo homogeneizador, em algum grupo integrador de personalidade. Acredito que esse não lugar, esse limbo carnal e ao mesmo tempo metafísico, seja o meu grupo. Onde estou sempre negando, tentando me diferenciar para escapar a fixação dentro de um conceito.
Assim inicio uma briga entre ego e outros egos... Por isso também é que meu alterego intervém em algumas explicações. Renan por Renan, meu nome também poderia ser Lucas Silva e Silva diretamente do Mundo da Lua.
Uma novidade nesse tabuleiro foi a chegada do niilismo, principalmente anticristão (parece até pleonasmo), mesmo sem ter lido Nietzsche. Essas teorias e formas de viver estão ligadas a respostas que decidi dar para a vida nas provocações que me foram impostas.
A dês-importância das coisas e futilização do mundo ligam-se a isso, em uma transição da modernidade para um campo incerto e fugidio chamado de “entre-lugar”. Não confundam “entre-lugar” com “não-lugar”, o primeiro diz respeito a algo híbrido que me constitui na prática, mas escapa quando tento apreendê-lo (é o campo do real). O segundo diz respeito a um espaço ideológico que aflige pensamentos ligados a sensações (é o virtual/realidade).
Por essa barca navega Hercules demonstrando o turbilhão de autonomia e afirmação numa forma de personalidade em construção (salve Jung, okê arô Oxossi é caçador). Seria o primeiro passo de um adentrar a intelectualidade e arrogância ignorante, somados a guinada da auto-reflexão e meta-crítica que sacodem minha alma.
É tão gostoso estar em um “mundo em descontrole”, sabendo que “tudo vá um dia a explodir” enquanto eu persisto na busca por interlocutores. Muitas vezes os encontrando para perdê-los logo em seguida por acaso de desventuras de um destino...
Estou agora pensado: Será que sou uma Cigarra? Não faço nada a vida inteira e quando inverno chega procura um otário para sugar.
Na verdade, eu me consideraria mais um camaleão em que mesclo-me em meio às situações e camuflo de acordo com o que absorvo feito um vampiro manipulando igual a Maligna.
Por falar nisso eu amo a Maligna (Evil-Lyn) do desenho “He-Man”: “Pelos poderes de Grayskull” já falei bobeiras de mais. Futilidades por hoje: “Já deu, né?”. Alterego = PS: Isso não é um pseudo-ensaio, nem uma descrição densa, nem terapia assistida. Talvez isso seja um pouco do vômito literário fálico de um inconsciente. O mais curioso nisso tudo é que os sonhos do Renan são mais coerentes do que o Renan sóbrio e consciente.
Depois dessa eu prefiro pedir licença maternidade e arrancar os meus cisos.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Não tinha nda p fazer!

What a beautiful morning
The best in life is free

What a beautiful morning
Believe me

What a mystery
Though the world's on fire
Yesterday's hard words is still in my head
I feel no despair
No regrets or sorrows
Cause this new day
Makes me dance on air

What a golden day

What a beautiful morning in my life
The best in life is free
I give it all away
And I wonder what more is to come
And this beautiful morning changed my mind
Believe me when I say
The shadows fading out

As the day grows bright
We are turning pages
And we write new chapters of our life
Some are strong and long
Others weak with sorrows
Keep the focus on the rising sun

What a golden day

What a beautiful morning in my life
The best in life is free
I give it all away
And I wonder what more is to come
And this beautiful morning changed my mind
Believe me when I say
Shadows fading out

Believe me - crows will always fly
Believe me - they are only birds
You have to
You have to let go and you will see things in a different light

What a beautiful morning
What a beautiful morning
Believe me

What a beautiful
What a beautiful morning...

Believe me

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Colcha de retalhos

Responder ou não as questões da nossa vida são questões efêmeras. Compreender o que é o tempo, os acidentes e as gargalhadas no fundo a própria história são uma invenção etérea e se desfaz. Seria igual a um tricô feito pela manha e desmanchado na noite densa.
Pois bem, eu comecei minha costura em 27 de outubro de 1986 por volta das 11:30. O horário de verão interfere um pouco nessas questões. De lá para cá ganhei, roubei e achei retalhos pela estrada. Cada um e cada qual somados a colcha que costuro.
Infância, adolescência e agora um sei lá o que, todo costuradinho. Quer dizer, as vezes uma linha enrosca, outra arrebenta, entretanto tudo faz parte da magia. Onde o olhar para colcha significa recordar.
Recordar e sentir, e depois saber porque vivo com vivo hoje. Uma mistura louca de mineirisses paulistana, de humildade e arrogância, de paixão e carência, de etcs e pontos finais.
De vez em quando minha mão cansa fazendo-me hibernar alguns meses. Mais tarde, descansado eu retorno com toda intensidade aos meus trabalhos. Nesse instante tem feito um pouco de frio e eu estou distante das pessoas que gostaria poder rever. Poderia aproveitar o tamanho de minha colcha para cobrir várias pessoas, conforme o frio aumente, cada um com as suas, poderíamos ampliar o conforto.
Esqueci minha bagagem além de estar com medo de passar frio. Assim mesmo eu vou continuar até chegar na Rússia.
Opa, um minutinho. Acabou a linha eu vou buscar mais...

“O tempo é um fio”
Henriqueta Lisboa

O tempo é um fio
bastante frágil
Um fio fino
que à toa escapa.

O tempo é um fio
Tecei! Tecei!
rendas de bilro
com gentileza.
Com mais empenho
façanhas espessas.
Malhas e redes
Com mais astúcia.

O tempo é um fio
que vale muito

Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes

O tempo é um fio
por entre os dedos
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa!

Mas ainda é tempo!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
dormi nas moitas,
voltai com o tempo
que já se foi!

Campanha Cultural

Para: Amor,
um diálogo com a pluralidade.
Bem poderia eu ser sincero comigo mesmo e escrever como escreveria a um diário sem qualquer policiamento. Simplesmente deixaria fluir e traduzir o que da sociedade em mim penetrou e (re) significou-se. Até onde a culpa é externa ou interna a mim também não são coisas as quais saberia falar.
Uma das poucas possibilidades que se sustentam em minha imaginação limitada culturalmente foi preservar o diálogo. Muitos diriam que precisamos falar de racismo, de negros, de história e tantas coisas mais. Para mim tais questões não poderiam nem ter existido ou sido sonhadas. Assim sendo, elas não deveriam constituir um problema, pois não deveriam ter sido criadas por nenhum humano que possua relações éticas com a vida.
Entretanto se essa realidade se fez, sendo incomoda até hoje, além de gerar debates e novas significações é porque algumas tradições demoram a desaparecer e outras ainda mais para nascer. Mais do que questões éticas, morais, racionais, sociais/culturais essas questões não são naturais. São relações de poder dentro de um discurso.
Eu não apologizo nenhum dos lados, nem quem discrimina nem o oposto, seja ele qual for. Defendo a pluralidade de perspectivas e a liberdade de pensamentos desde que duas condições mínimas estejam preservadas: a do humano e a preservação do diálogo sincero entre diferença, o igual e o simétrico.
Infelizmente, na minha opinião, a maior conquista dos “negros” foi descobrir o drama do poder. E o pior exemplo dos “brancos” foi iniciar essa relação desumana de como submeter através do poder, sem que nenhuma das partes percebesse qual a chave dessa discussão: (ainda é segredo). Deixemos mais uma vez que a realidade entre em choque contra ideologias de modo que algum dia finalmente a palavra amor deixe de ter uma cor específica, sem ser algo particular ou universal, mas sim plural. Deixemos de naturalizar a diferença sem também tentar submeter uma universalidade, porque temos de ter medo em ser sincero?
Deste modo tento expressar como eu, jovem “branco”, penso essas questões e ajudo a escrever uma história que perpassa meu cotidiano, me diz respeito enquanto escolha individual e responsabilidade social.
Agora sim, vamos falar... ou melhor, conversar sobre?!

sábado, 14 de junho de 2008

De olhos bem fechados

Sair, correr, brincar, estar vivo ou apenas deixar fluir. Estar no mundo sem deixar de agir, virar para o lado e atravessar o espelho. Tudo isso pode parecer muito complicado para vocês, entretanto é uma arte facilmente realizável. Basta fechar bem seus olhos.
No tudo preto que se esfarela eu lentamente crio. No quatro paredes do meu quadrado sólido gosto sempre de crescer em meu universo infinito. Já que não posso me realizar ou viajar em dinheiro o faço em espírito valente e galopante.
Meus desejos ciclônicos sempre tomam rédeas dos olhos que guiam no escuro e no claro, na noite e na rua, assim vai... Será que existe um ponto de chegada? Ah, é mesmo, ainda falta a morte.
Enquanto ela se demora vou sair para brincar, continuar minhas tranças, fazer minhas estrelas. Todos os dias novas flores crescem e somem no meu jardim. Voando estou nas minhas meias e línguas salinas enriquecidas por histórias.
Uhm, que fome, logo agora que acabei de jantar. Acho que amor não é capaz de me saciar. Melhor mudar de prato, lavar as mãos e espetar azeitonas... hehehehe, realmente vocês devem estar achando muito difícil fechar os olhos, não é?
Peguem Diazepans e Catuaba, molhem suas hóstias com safadezas, pois somente assim conseguirão saborear minhas palavras. Palavras essas humildes e muito simples, de significados retos por caminhos sinuosos. Estou fumando um baseado de entediamento e preguiça, pior ainda que acabaram meus cogumelos.
Miau, uau, sim, sim eu falo a língua dos gatos. Gira, gira um saci na estrada me cansei de te esperar. Mensagens cifradas, engano seu. São dedos presos de um fanho bêbado.
Acredito que já seja hora dessa ciranda chegar ao fim. De rei a sapo, agora não sou nem mesmo príncipe. Chegou a hora de chorar molhado e coçar o nariz, vou correr atrás do meu anão, mesmo que nunca encontre o final do arco-íris.
Nossa, como fui longe. Andei tanto que esqueci de mim, de eu, será que falta mais alguém? É mesmo, a Eco está em casa onde Narciso menino dorme ao lado de Epimeteu. O melhor de tudo foi despertar Ártemis enfurecida com Iansã ao meu lado.
Quando finalmente abri meus olhos só tocava uma música ainda distante em minha memória vaga. Cada letra uma bola de sabão, cada segundo um novo zodíaco. Finalmente o Tigre desenha o que os Titãs plagiaram e eu repito:
“Eu não quero mais mentir
Usar espinhos que só causam dor
Eu não enxergo mais o inferno que me atraiu
Dos cegos do castelo me despeço e vou
A pé até encontrar
Um caminho, o lugar
Pro que eu sou
Eu não quero mais dormir
De olhos abertos me esquenta o sol
Eu não espero que um revólver venha explodir
Na minha testa se anunciou
A pé a fé devagar
Foge o destino do azar
Que restou
E se você puder me olhar
E se você quiser me achar
E se você trouxer o seu lar
Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim”
Agora sim, levante-se, você já abriu os olhos e esse caminho dificilmente volta atrás. Meu telefone é o mesmo, mas deu cupim na operadora. Dança, dança bailarina voe e saia do armário borboletinha que um dia o sapo come. (se deseja entender me conheça e leia Jung).

domingo, 8 de junho de 2008

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Porto Seguro

Melhor tomar cuidado com meu humor negro e questões filosóficas, pode ser que me desconfigure, mesmo quando me torno e me mostro intimamente como realmente sou e nas coisas que me ajudam a agir, como também rir pensando a vida. Novamente: Tomem cuidado com o mau uso do termo pessimismo.
Semana passada Marília assemelhava-se muito ao clima londrino, encoberta por uma neblina densa. Do mesmo modo que as sacerdotisas de Avalon, me preparei para a longa viagem até as terras distantes e mágicas da Bahia. De mágico mesmo só teve meus desencantamentos; “óké aro” Oxóssi é caçador!
Pois bem, narrarei minhas novas desventuras:
Cheguei bem cedo a fim de não perder o ônibus e tive de esperar cerca de quatros horas, em que o motorista lindamente decidiu atrasar. No percurso eu e meus colegas descobrimos que Minas Gerais não acaba nunca (piadinha interna). Após passar trinta e poucas horas dentro do ônibus, sem banho, pés inchados e dor de cabeça fenomenal conseguimos chegar. Logo lá, encontrei uma baiana e fui me informar sobre terreiros de umbanda. Ela me disse toda angustiada que a Bahia podia ter começado ali, mas que estava era acabando ali. Toda indignada, ela respondeu que lá não tinha terreiro. Eu e ela achando que isso deveria ter na Bahia inteira, sendo que em Marília e em Paulo de Faria cidades no meio do nada tinham, tinha certeza de que lá também teria. Mero engano, até mesmo porque a Umbanda não nasceu na Bahia, mas vá explicar isso a um baiano... meus estudos indicam que essa religião começou no Rio de Janeiro.
Entretanto o que achei mais engraçado foi o fato de Porto Seguro ser cheio de lojas indianas. Se Colombo ou Cabral chegassem hoje teriam certeza de que alcançaram as índias. Com tantos incensos e roupas, como Budas e etc, teriam mesmo de achar algo assim.
Meu hotel ficava longe de tudo, por isso aproveitei muito pouco da cidade, das praias que não cheguei nem a ver, além de tudo mais que existe em Porto Seguro. Melhor ainda era o fato de que o evento, estava sendo realizado bem longe da cidade e qualquer um dos hotéis. Tinha de levantar bem cedo e correr para pegar o único ônibus que levava até lá.
Com o tempo aprendi umas malandragens, andava de carona com qualquer um, como se fosse uma celebridade. Comia até ficar buxudo, aproveitei da sauna, piscina e trapalhadas. Meu hotel parecia uma selva cheia de animais (calango, sapos e pernilongos) como madeiras e coisas imperiais localizado ao lado do aeroporto. Detalhe, morro de medo de aviões, por isso a toda decolagem eu queria sair correndo. Inúmeras coisas divertidas ocorreram que infelizmente terei de censurar a fim de evitar um processo por parte de minha amiga. De acordo com ela já to queimado por causa da minha língua grande. O que me fez lembrar, eu comi novamente um pedação de minha boca, coisa que está se tornando rotina (desejo muito específico de beijar alguém bem específica também).
Antes que me esqueça, a todos que perguntava sobre o evento, respondiam-me que fora uma bosta e odiaram tudo. Realmente muitíssimas coisas foram horríveis, mas eu dei sorte de ter participado de duas coisas muito boas, muito produtivas. Acabei por ficar mais angustiado como desanimado quando vieram falar sobre meu trabalho. Tudo isso porque agora sim tenho certeza de que necessitarei angariar alguns fundos para poder realizar minha pesquisa. Meu objeto e estudo foram elogiados, mas precisarei cumprir com minha profissão e realizar uma pesquisa de campo, ou seja, precisarei sacrificar minhas férias e ir para São Paulo. Na verdade acho que sacrificarei minha formatura aniquilando ótimas chances de passar um tempo com pessoas que me fazem falta.
O que muito me alegra foi essa possibilidade de que eu esteja entrando em um bom campo de estudo, onde poderei ganhar dinheiro como arrumar emprego, etc.
Existem muitos blá, blá, blá que vão ficar para outra vez. No momento vou tratar do meu dedo inflamado, das cagadas que aprontei com meus pés, etc, etc, etc...
Vixe, tem muita história ainda...