quinta-feira, 27 de julho de 2017

A senhora que montava cubos mágicos

Por várias horas, fazendo da rodoviária sua casa com apenas três sacos pretos como malas, tornozelos inchados e um cubo mágico na mão, fica essa senhora sentada como se aguardasse o ônibus com o seu destino final. Quantos mistérios por traz de tanta maquiagem, olhar tímido e vários adereços não devem estar por traz desse sujeito invisível.
Pessoas passando por um local que leva as pessoas a destinos diversos em contraste com essa mulher. Ela que apenas fica o dia todo sentada resolvendo seu cubo mágico até que o dia termine para arrastar suas pernas cansadas à sua casa no aguardo do dia de amanha. Novamente resolvendo os enigmas do que já se acostumou fazer.
Diante de um olhar vazio fica a dúvida se resta a ela uma alma, o que se desmistifica assim que a doçura de sua voz quase em sussurros expressam a carência de uma senilidade solitária. Calculando diversas vidas, vendo personalidades ocultas que cruzam os caminhos dando progresso a suas vidas enquanto a mente dela parodia possíveis, possíveis e impossíveis.
Será que os dias ainda transcorrem? Como passam as horas? Como age seu intestino e fluídos corporais ao tempo?

Sua mente desapegou de muito e se tornou tão leve quanto o corpo não pode mais ser – em sobrepeso. Tão leve que flutua quando não é violentamente subjugada pelas emoções. É uma rotina de viver mesclada a sabedoria oculta em seus cálculos. Uma das Moiras, Láquesis é seu nome antigo, abandonado e desacreditado já foi o tempo em que nem o rei dos deuses poderia contra ela. Tudo o que possui um começo, possui um final.


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Enojado e abusado ... insistência, permanência e por quê?

Tu foi o pior erro, câncer, veneno, lamuria de minha vida. Isso porque não acaba e cada hora cresce um pouco mais se inovando nas formas de tortura, no “ta tudo bem para ti e foda-se o resto”. É de uma falta de palavra e posicionamento que revolta, uma coisa completamente amorfa do que vendia sobre si. Será que só você acredita nas coisas que da tua boca ecoa e eu que era um tonto de ter perdido tanto tempo com isso - acreditando?
De forma geral me fez aprender que é sim possível desamar, mas a um preço muito maior do que viver a vida toda sofrendo por um amor que não foi adiante. Desamar é ter dois sentimentos violentamente estraçalhados, o do amor que vivia e do amor que viveu destruídos por uma brutalidade super sadomasoquista do outro em mim mesmo.
Sem propósito e planejamento essa esquizofrenia compulsiva de uma conjunção não conjugada. De uma relação que nunca ocorreu. De um emburrecimento emocional que só definha o corpo e mente. Me mata.
Cansado de viver nesse limbo, prefiro destruir tudo me levando junto. Prefiro matar e morrer. Quero sangue, quero o prazer de ver que não sofro sozinho o dilaceramento do eu e ser espancado após ter encomendado um fim.
Animalidade que invade meu ser quer apenas a paz e satisfação momentânea da destruição, da conclusão de um ciclo que reluta em persistir adiante.
Vontade de vomitar demônios que exemplifiquem melhor todo inferno dessa tragédia... esperando apenas que meu corpo tenha forças para se estraçalhar até o ultimo pedaço. Até que não tenha restado nada dessa piada.
Estou zonzo.
Vou respirar e tentar ter a cabeça de volto ao lugar, retornando a minha passividade, antes que esse sentimento domine tudo, libere o Kydo e me faça pagar mais ainda, pela vida que escolhi as pressas, ao erro e carência. Ninguém poderia culpar uma criança por isso, mas é como se ela já tivesse nascido com a sina do que levaria a sua morte e assim, cegamente o destino a faz fazer o que faria inevitavelmente.

Morte!