terça-feira, 31 de maio de 2022

Láquesis

No turbilhão do tempo,

pessoas medíocres,

tradições “engessantes” de um mundo blasé

tirando o sorriso e brilho das possibilidades de vida...

de uma vida hedonista sincera, libertina íntima e pessoal

apenas silêncio, livros, séries e filmes.

Cartas de Tarot brincando com o destino

de onde a balança pende: felicidade, infelicidade, felicidade, infel.

Refletindo o peso de tudo que se esvazia na repetição

trivialidade

mundo em continuidade esquizofrênica...

Silêncio!

Comunicação que falha,

palavras que se desencontram.

Afetividades gerando ansiedades, fobias, delírios

e narrativas pobres ou empobrecidas, 

não sei dizer ao certo o quê.

Doce ignorância

batidas do coração -

Amor! Amor! Amor! Amor!

Buscando a fusão de almas gêmeas em um romance escolhido

desobrigado de uma casualidade cósmica inquestionável.

Compreensão

alteridade

narrativas

falácias

aquilo que mente corpo e matrimônio fazem de Hera seu estereótipo -

Abnegação. Ou não!

Com olhos tortos revira a alma e consome tudo até que o fogo nada deixe intacto.

Cabe a ambos utilizar o dom de Prometeu

a fim de produzir algo

que não ouso eu dizer o que é.


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Liame

Existe um mundo fora dessas janelas, por entre as grades e telas um pouco de natureza. Pessoas que passam sons e cheiros.
Fora dessas janelas há: vidas, histórias, perigos, mas não são somente janelas onde me escondo, são por elas também que me abro. Janelas de um mundo lá e outro aqui dentro. Simples janelas que resignifico. Assim são elas, assim sou eu.
E sigo.
Já elas,
ficam.
...
Há um silêncio na madrugada que denuncia a insolidez do mundo.
Por todos os lados sem brisa, insetos, pessoas ou fenômenos da natureza.
Simplesmente o silêncio como se cada molécula atômica deixasse de existir. E por um momento rápido a impermanência das coisas perde a importância.
Anestesiado extasiado por sonhos contemplamos outra dimensão das coisas. Uma falsa realidade da matéria, nosso eterno ponto limítrofe. Quando somos não podemos deixar de ser e quando não somos, simplesmente não podemos ao mínimo nos dar ao luxo de paradoxalmente não termos sido.
Um aprisionamento, uma existência no silencio da madrugada. Por um estante apenas... des/existência.
Fico eu com rosto pesado sobre a tela de minha janela em devaneio enxergando sem olhos, cegando a vida, inebriando a sensatez. Subvertendo.
...
Imagine subverter a razão trocando de lado consciente com inconsciente, viver sonhando e sonhar como quando acordando. Toda significação de vida não passariam de símbolos indecifrados, uma linguagem surrealista de encontro consigo mesmo. Impulsos, desejos, possibilidades divisíveis. A libertação de um ser que não sou eu, ou talvez seja mais eu do que eu mesmo saberia dizer. Quem sou? O que sou? O que significa tudo isso?
Um pouco de mim dentro desse apartamento tentando olhar pelos quartos, sala, banheiro ou área de serviço o que tem aqui dentro e o que tem lá fora. Janelas amplas, pequenas em cada uma um novo ângulo, um novo mundo.
Emparelhamento dos devaneios
Sem freios o que será que sou?
O que sou?
Sou?
Solidão barulhenta dos muitos eus que gritam nesse apartamento, grudado na janela e voando longe para dentro de mim...
Vou embora
Algo fica
O que será que volta?


sábado, 22 de dezembro de 2018

Boa sorte!

Um coração despedaçado de olhos calados e lágrimas observa os desencaixes de outras vidas em suas belezas desarmonicas.
Tantas brigas e sonhos, anseios e desatinos.
Me doi o peito projetar minha vida em felicidades que patinam tanto no erro. Uma pena nao verem a chance que devia de ter nas mãos o futuro incerto da vida conjugal.
Com mais entrega, cumplicidade e dialogo o mundo deixa de ser problema e finalmente soma o destino fim.
Seja aquilo que procura.
Se torne aquilo, que deixaram de ser com você.
E permaneça.
Um abraço
Um afago
Duas vidas!

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Lhano

De uma escrita camuflada a vida enevoada ressalta o desejo impossível...
meta de vida que foge ao toque toda vez que arrisco a sorte de um desejo.
Mais do que um simples beijo, o menino idealizado em padrões se torna único detentor do meu sossego. Essa paz interior espelhada e confinada ao outro preserva minha condição de Eco.
Ninfa incapaz de ser, sem ser um outro quer perder-se em todos os corpos enquanto não encontra seu Narciso.
Melancolicamente esfria as noites retirando o sabor e alma de cada um que toca e destrói.
Não sente
Angustia-se
Dorme
São tantas as belezas plásticas que se derretem facilmente como a cera de uma vela quando a chama de um coração ofusca sua estrutura pouco solida. Toda disforme as pessoas são tantas, repletas de tantas histórias que com o tempo não temos mais paciência em redescobrir vivencias.
Tem pessoas que mudam de endereço, outros mudam sua forma externa, enquanto eu prefiro mudar a minha massa interna, me tornando outra pessoa... em que medida esta preservada a identidade?
Nada melhor do que dançar nu ao vento e chuva me sentindo usado por todo ambiente, cada parte do corpo completamente consumida
Por que não posso ser apenas um pedaço de carne fornicável? Essa necessidade compulsória de significação emocional é tão tediosamente angustiante.
Lírios da loucura
Um corpo após o outro sobre as minhas camas
Ninfa da perdição sou reflexo de uma luxuria social
Temporariamente
Esperançosa
de um futuro.

domingo, 15 de outubro de 2017

Prisão

















Veja em mim a pele solta que na cama pesadamente repousa como areia
Partes minhas esfareladas pela ampulheta do tempo deixam histórias secretas perdidas pelo lençol após tanto sono sem morte
Sonhos cegos desfazem o horizonte e esboçam o quão perdido está meu propósito
assim como o de meu corpo. Abandonada essência de Eros, resta apenas pulsões de morte homeopática – Vida apática acinzentada e sem chama
Se já não posso sentir
Se o corpo não responde mais a mim
Se sou objeto de uso violento e destrutivo
Se a consciência esvaziou-se
Para que um outro “se”?
Amigos não compreendem fazendo-se fantasmas do passado num futuro amargo onde tudo o que pode ser já foi um dia e novamente ciclico “se” repetira
Repetiria
Repetiria
... até o fim melancólico.
Sem empatia a vida brocha a falta de um amor exato e necessário a manutenção
Não quero a festas, rua, viagens, filmes, livros, brisas ante a solidão, compulsões, vícios
Desejo o toque mágico e recíproco de olhos rasgados
Fadados ao desencontro fica apenas para o mundo onírico a plenitude de uma existência que não se concretizou
Um texto tão quebrado assim só poderia vir de uma pessoa de mil recortes toda desencaixada, um quebra-cabeças largado as traças
A boca silencia e os desejos já distantes desaparecem
Todos desaparecem
Resta um silencio total
Uma insignificância honorável e sem história
Não é suicídio é dês-existência
Havia ali amor e já secou
Havia ali tempero e grandiloquência por conjugação
O que havia foi perdido pelo tempo intransitivo
Como passos no deserto que desaparecem lentamente
Desaparecido fiquei
Esfarelado nessa cama
Meu coração feito areia de um algo maior que já teria sido
Perdido
Repetido
Perdido
Chamam a isso – Inferno
Eterna repetição de uma dor
Estaria eu já morto a tanto tempo que até me esqueci já ter estado alguma vez vivo?

Repetido.

quinta-feira, 27 de julho de 2017

A senhora que montava cubos mágicos

Por várias horas, fazendo da rodoviária sua casa com apenas três sacos pretos como malas, tornozelos inchados e um cubo mágico na mão, fica essa senhora sentada como se aguardasse o ônibus com o seu destino final. Quantos mistérios por traz de tanta maquiagem, olhar tímido e vários adereços não devem estar por traz desse sujeito invisível.
Pessoas passando por um local que leva as pessoas a destinos diversos em contraste com essa mulher. Ela que apenas fica o dia todo sentada resolvendo seu cubo mágico até que o dia termine para arrastar suas pernas cansadas à sua casa no aguardo do dia de amanha. Novamente resolvendo os enigmas do que já se acostumou fazer.
Diante de um olhar vazio fica a dúvida se resta a ela uma alma, o que se desmistifica assim que a doçura de sua voz quase em sussurros expressam a carência de uma senilidade solitária. Calculando diversas vidas, vendo personalidades ocultas que cruzam os caminhos dando progresso a suas vidas enquanto a mente dela parodia possíveis, possíveis e impossíveis.
Será que os dias ainda transcorrem? Como passam as horas? Como age seu intestino e fluídos corporais ao tempo?

Sua mente desapegou de muito e se tornou tão leve quanto o corpo não pode mais ser – em sobrepeso. Tão leve que flutua quando não é violentamente subjugada pelas emoções. É uma rotina de viver mesclada a sabedoria oculta em seus cálculos. Uma das Moiras, Láquesis é seu nome antigo, abandonado e desacreditado já foi o tempo em que nem o rei dos deuses poderia contra ela. Tudo o que possui um começo, possui um final.


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Enojado e abusado ... insistência, permanência e por quê?

Tu foi o pior erro, câncer, veneno, lamuria de minha vida. Isso porque não acaba e cada hora cresce um pouco mais se inovando nas formas de tortura, no “ta tudo bem para ti e foda-se o resto”. É de uma falta de palavra e posicionamento que revolta, uma coisa completamente amorfa do que vendia sobre si. Será que só você acredita nas coisas que da tua boca ecoa e eu que era um tonto de ter perdido tanto tempo com isso - acreditando?
De forma geral me fez aprender que é sim possível desamar, mas a um preço muito maior do que viver a vida toda sofrendo por um amor que não foi adiante. Desamar é ter dois sentimentos violentamente estraçalhados, o do amor que vivia e do amor que viveu destruídos por uma brutalidade super sadomasoquista do outro em mim mesmo.
Sem propósito e planejamento essa esquizofrenia compulsiva de uma conjunção não conjugada. De uma relação que nunca ocorreu. De um emburrecimento emocional que só definha o corpo e mente. Me mata.
Cansado de viver nesse limbo, prefiro destruir tudo me levando junto. Prefiro matar e morrer. Quero sangue, quero o prazer de ver que não sofro sozinho o dilaceramento do eu e ser espancado após ter encomendado um fim.
Animalidade que invade meu ser quer apenas a paz e satisfação momentânea da destruição, da conclusão de um ciclo que reluta em persistir adiante.
Vontade de vomitar demônios que exemplifiquem melhor todo inferno dessa tragédia... esperando apenas que meu corpo tenha forças para se estraçalhar até o ultimo pedaço. Até que não tenha restado nada dessa piada.
Estou zonzo.
Vou respirar e tentar ter a cabeça de volto ao lugar, retornando a minha passividade, antes que esse sentimento domine tudo, libere o Kydo e me faça pagar mais ainda, pela vida que escolhi as pressas, ao erro e carência. Ninguém poderia culpar uma criança por isso, mas é como se ela já tivesse nascido com a sina do que levaria a sua morte e assim, cegamente o destino a faz fazer o que faria inevitavelmente.

Morte!