Queria eu poder encontrar aquela coisa mágica que nos mantém
em equilíbrio, plenamente ajustados a mediocridade da vida. Contudo deixo meu
corpo ser levado como se já me encontrasse morto, de modo que qualquer um faz o
que bem entender de mim.
Sou pessoa sem alma, movimento sem pensamento, dia sem luz. Ser sem rumo, desperdício de vida desnecessária. Palavras engolidas me engordam e pesam me levando cada vez mais para o fundo de mim mesmo. Um mantra inverso de aprisionamento, corte a corte deixando cicatrizes que não se fecham mais. Vejo o sangue esvaindo, assim como os sonhos, desejos e persistência.
Sou pessoa sem alma, movimento sem pensamento, dia sem luz. Ser sem rumo, desperdício de vida desnecessária. Palavras engolidas me engordam e pesam me levando cada vez mais para o fundo de mim mesmo. Um mantra inverso de aprisionamento, corte a corte deixando cicatrizes que não se fecham mais. Vejo o sangue esvaindo, assim como os sonhos, desejos e persistência.
Sem ser o salvador de mim mesmo e sem ter um salvador
pressiono o peso de minhas escolhas, enlouqueço com a pintura feita da
realidade. Tanta promiscuidade pedagógica quanto a fugacidade das
sentimentalidades me deixam enamorado dos desencontros, não me ajusto a essa
impermanêcia.
Desconectado da minha essência criativa, torno-me um suicida
potencial com grandes conquistas destrutivas e, quem sabe em algum momento, irretornável.
Existe beleza e tristeza que não se conciliam em minha ansiedade de vida, da qual como expectador observo as realizações de todos os mundos diversos que representam as pessoas
e me dói, dói ver que perdi os meus olhos em uma janela telada por onde observo a solidão.
Existe beleza e tristeza que não se conciliam em minha ansiedade de vida, da qual como expectador observo as realizações de todos os mundos diversos que representam as pessoas
e me dói, dói ver que perdi os meus olhos em uma janela telada por onde observo a solidão.
Solidão do que sou em segredo, assistindo as vidas de ex,
amigos, desconhecidos e seres imaginários. Na saudade da lembrança de suas
peles, lábios, cheiros, possibilidades... tudo me machuca mais um pouco e como
um viciado minha crise de abstinência parece obrigar-me a estar entorpecido ou
morto. Não há escolha positiva. Não há visão de cura ou solução.
Salva-me da vida oh acaso que tira vidas, calculo não
programado do fim.
Grita o peito e a boca em silencio o tamanho dessa dor que
assola o coração burro com o qual fui dotado. Todos os dias me punindo por
querer insistir em manter, de alguma forma inexplicável, vivo. Eu vivo?
Nem mesmo as carícias por estranhos também feridos a seu modo conseguem penetrar minha pele dura. Sem esperança, canto e
choro feito criança o pesar de dias que passam lentamente, eu preso a
lembranças sufocantes que não matam, mas ameaçam fazê-lo.
Compulsiva loucura que se apossou de mim.
Afastem-se todos em quanto é tempo, pois não vale a pena
insistir no que está fadado definhar assim... uma ultima lágrima que escorre e
beija minha boca, me aquece um pouco mais antes do completo enrijecimento e
gélido corpo deitar. Durma e não sonhe, não pense, não exista. Tudo acabou
agora, não precisará mais esperar o amor impossível. Não esperar mais a mão que
te guia, olhos que com teus olhos em silencio conversam... nada mais esperar,
sem espera e sem pressa, sono. Feche os olhos e deite sobre meu colo enquanto
com um ultimo cafuné aguardamos seu final, nem triste e nem feliz, apenas um fim.
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