sábado, 17 de junho de 2017

Xiiiiiuuu!


Como uma criança, recorrentemente com medo do mundo e da vida corro para os teus braços na expectativa que esse aperto me proteja de tudo. Me agasalhando entre o seu calor que ilusoriamente sufocaria minhas angustias me salvando de mim mesmo, tento encontrar o conforto. Infelizmente conforto não existe mais desde que obrigadamente tivemos de crescer e a vida que era de brincadeira se tornou densa e pesada.
Queria eu poder encontrar aquela coisa mágica que nos mantém em equilíbrio, plenamente ajustados a mediocridade da vida. Contudo deixo meu corpo ser levado como se já me encontrasse morto, de modo que qualquer um faz o que bem entender de mim.
Sou pessoa sem alma, movimento sem pensamento, dia sem luz. Ser sem rumo, desperdício de vida desnecessária. Palavras engolidas me engordam e pesam me levando cada vez mais para o fundo de mim mesmo. Um mantra inverso de aprisionamento, corte a corte deixando cicatrizes que não se fecham mais. Vejo o sangue esvaindo, assim como os sonhos, desejos e persistência.
Sem ser o salvador de mim mesmo e sem ter um salvador pressiono o peso de minhas escolhas, enlouqueço com a pintura feita da realidade. Tanta promiscuidade pedagógica quanto a fugacidade das sentimentalidades me deixam enamorado dos desencontros, não me ajusto a essa impermanêcia.
Desconectado da minha essência criativa, torno-me um suicida potencial com grandes conquistas destrutivas e, quem sabe em algum momento, irretornável.
Existe beleza e tristeza que não se conciliam em minha ansiedade de vida, da qual como expectador observo as realizações de todos os mundos diversos que representam as pessoas
 e me dói, dói ver que perdi os meus olhos em uma janela telada por onde observo a solidão.
Solidão do que sou em segredo, assistindo as vidas de ex, amigos, desconhecidos e seres imaginários. Na saudade da lembrança de suas peles, lábios, cheiros, possibilidades... tudo me machuca mais um pouco e como um viciado minha crise de abstinência parece obrigar-me a estar entorpecido ou morto. Não há escolha positiva. Não há visão de cura ou solução.
Salva-me da vida oh acaso que tira vidas, calculo não programado do fim.
Grita o peito e a boca em silencio o tamanho dessa dor que assola o coração burro com o qual fui dotado. Todos os dias me punindo por querer insistir em manter, de alguma forma inexplicável, vivo. Eu vivo?
Nem mesmo as carícias por estranhos também feridos a seu modo conseguem penetrar minha pele dura. Sem esperança, canto e choro feito criança o pesar de dias que passam lentamente, eu preso a lembranças sufocantes que não matam, mas ameaçam fazê-lo.
Compulsiva loucura que se apossou de mim.
Afastem-se todos em quanto é tempo, pois não vale a pena insistir no que está fadado definhar assim... uma ultima lágrima que escorre e beija minha boca, me aquece um pouco mais antes do completo enrijecimento e gélido corpo deitar. Durma e não sonhe, não pense, não exista. Tudo acabou agora, não precisará mais esperar o amor impossível. Não esperar mais a mão que te guia, olhos que com teus olhos em silencio conversam... nada mais esperar, sem espera e sem pressa, sono. Feche os olhos e deite sobre meu colo enquanto com um ultimo cafuné aguardamos seu final, nem triste e nem feliz, apenas um fim.

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