quinta-feira, 17 de julho de 2014

Indiferença


Um cão abandonado, desesperado por pés no capacho de um carro.
Em um capacho perdi meu lar e em todo capacho reza a esperança de amor.
Sempre aos teus pés.
Não importa minha beleza, graça e felicidade, o acaso fez de mim um cão abandonado mecanicamente viciado numa esperança cega.
Não basta partir corações alheios tenho de aceitar minha sina definhando pelo azar latente.
Como bestas feras separadas de seu todo estamos sempre desejando o reencontro querendo nos dividir para sentir a completude nos deparando repetidamente com o inalcançável.
De algum modo estamos sempre despreparados uns para estar com os outros e o fracasso da vitória é rapidamente sentido.
Permaneço assim, sentado em chão frio de onde observo a distância de uma janela. Janela de tão alto prédio esperando apenas ver tua imagem e não me sentir, no mundo, isolado.

Roupas balançando no varal sem que o vislumbre chegue.
Não durou nem dez segundos e jamais, em toda minha vida, retornarei a ter esse momento. O efêmero e fugaz da existência é que ela vai rumo ao nada absoluto da negação tempo e espaço.
Tornamos-nos meros tênis abandonados – sinônimo de morte.
Estradas por onde passou (histórias compartilhadas) tudo registrado pelos pés que caminham em união com o chão.
A tristeza de um sentimento por tudo o que já foi e ficou ausente,
Perdido
Sempre, sempre, sempre...
A tristeza é sólida e corrói
Feito a indiferença

E o viver!

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