quinta-feira, 27 de julho de 2017

A senhora que montava cubos mágicos

Por várias horas, fazendo da rodoviária sua casa com apenas três sacos pretos como malas, tornozelos inchados e um cubo mágico na mão, fica essa senhora sentada como se aguardasse o ônibus com o seu destino final. Quantos mistérios por traz de tanta maquiagem, olhar tímido e vários adereços não devem estar por traz desse sujeito invisível.
Pessoas passando por um local que leva as pessoas a destinos diversos em contraste com essa mulher. Ela que apenas fica o dia todo sentada resolvendo seu cubo mágico até que o dia termine para arrastar suas pernas cansadas à sua casa no aguardo do dia de amanha. Novamente resolvendo os enigmas do que já se acostumou fazer.
Diante de um olhar vazio fica a dúvida se resta a ela uma alma, o que se desmistifica assim que a doçura de sua voz quase em sussurros expressam a carência de uma senilidade solitária. Calculando diversas vidas, vendo personalidades ocultas que cruzam os caminhos dando progresso a suas vidas enquanto a mente dela parodia possíveis, possíveis e impossíveis.
Será que os dias ainda transcorrem? Como passam as horas? Como age seu intestino e fluídos corporais ao tempo?

Sua mente desapegou de muito e se tornou tão leve quanto o corpo não pode mais ser – em sobrepeso. Tão leve que flutua quando não é violentamente subjugada pelas emoções. É uma rotina de viver mesclada a sabedoria oculta em seus cálculos. Uma das Moiras, Láquesis é seu nome antigo, abandonado e desacreditado já foi o tempo em que nem o rei dos deuses poderia contra ela. Tudo o que possui um começo, possui um final.


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