sábado, 21 de junho de 2014

Rascunho

Mora em mim um demônio.









Aquele que tudo quer tudo pode e para tal arrasa cidades, faz da vida o impossível estando limitado apenas pela proximidade da morte. Sempre insatisfeito e insaciado torna a vida pedante, um teatro de falsidades sem fim. Porém, não me oferte sossego, essa tempestade não pode ou deve ser detida.






Quero aproveitar tudo o que o caos possa me trazer.


Enregelando o espírito deito-me lentamente sobre lençóis mudos. Descobrindo corpos em seus tesouros, cores, aromas, gemidos, sabores. A arte corporal do ser, compartilhado. Usos do prazer,


modos de se fazer,


e como ser,


 se mesclam indistintamente ao paladar sem refinamento presente em minha luxuria.


Pequenos espíritos que procuravam ser o que não eram, ou talvez de tanto se enganar já houvessem transformado no que anteriormente não poderiam ser. Todos escravizados por esse demônio inventado, meu soberano EU.
Mata-me.
Sufoca-me.
Faça-me ou faço-me algo já.
Consciência circular, presa aos ciclos desse previsível acaso perverso.

Não mais palavras, apenas imagens e pedaços de mim.

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