terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Egocêntrico

Egoísta eu, egoísta. Egoísta que me desejo e quero tudo apenas para mim mesmo, eu e a mim (me desejo).
Fechado em meu mundo eu excluo todo o resto usando e abusando apenas do que me faz feliz na minha medida das coisas. Se o real não é valido posso sempre me refugiar no imaginado por mim. O mundo se dobra a minha vontade guiado por meus olhos bocas e ouvidos complacentes.

Passando por cima dos outros, quando muito em confronto, preciso analisar o quanto estou apto a fazer o mais positivo possível em meu benefício sem que precise ceder tanto para tal. Nada de exorbitantemente novo, essa é a relação social em que nós cada vez mais narcisos escolhemos o nosso próprio sol e umbigo como centros de felicidade e ação. Desapegadamente os sentimentos são meras reflexões do meu mundo murado. Pareço forte enquanto a sustentação não ultrapassa esse espelho delirante do ideal individual, cada vez mais em ascensão.
Em meio as tempestades, todos eus adentram o inconsciente e são sublevados pelo superego. Dominadores e dominados giramos a roda da consciência por personalidades diversas com um fim sempre semelhante. Preso a essa vanglorização, megalomania, sentimentalização tão encantadas a minha observação, eu me perco igual a todo mundo. Perdidos através de fotos, sorrisos ensaiados, necessidades produzidas para reproduzirmos o ideal padrão de vida plena. Assim segue a felicidade do Narciso refletindo e definhando em insensatez, em esvaziamento da leveza do ser. Nos considerando tudo, somos pouco mais do que um nada. 

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Jubileu




Repentinamente despertou em um quarto completamente sem luz ou som, mas repleto de odores. Olhou ao redor como se pudesse ali enxergar ou faltasse a sua visão do sono acordar. O braço lentamente foi tateando o entorno, sentindo a textura e temperatura do tecido onde o corpo esteve, por tanto tempo, inerte. Seguindo, deslizando até encontrar a madeira rija do criado mudo, e depois o frio da porcelana do prato onde repousava uma vela a qual após acesa parece ter preservado uma escuridão ainda leitosa, densa a ponto de quase não dissipar-se, mas o bastante para que reconhecesse ali: O Eu.
Com muito esforço me levanto desse quarto sem formas e caminho por um caminho sem identidade até uma mesa perdida no nada. Me sento e posiciono a vela em seu centro, inclino a cabeça e peso o grau de minha solidão. Literalmente não se escuta som algum, parece até que o tempo parou. Nada menos do que uma ilusão, pois na verdade, com a pele enrugada estou comemorando meu aniversário e nesse mesmo instante noto dois gatos os quais estavam inaudivelmente sobre a mesa me observando. O que será que existe fora desse momento? Fora desse campo de visão desgastado a ponto de sufocar com negritude e solidão sons e cores. Apenas o cheiro pútrido de pele decompondo junto a suor, esperma, mijo e falta de dignidade são perceptíveis.
Ainda por cima a memória não ajuda, são tantos os lapsos que não consigo relacionar o tempo entre pensar e delirar. Uma apatia gritante de onde reflito, e sem conclusão alguma ou lembranças sobre o que estaria pensando me levanto. Arrasto pé ante pé deixando a vela para traz e solto o corpo em queda sobre a cama ainda úmida e fedida. Após despencar feito fruta podre, vou perdendo os sentidos, já não sei se respiro ou estou vivo. Simplesmente me entregando a esse silencio, essa escuridão, esse nada que havia antes do meu nascimento.
Eu me deixo para traz naquela cama...
Mais um ano se passou, mais uma vida, mais um nada para a insignificância da existência.
Talvez quando eu acordar, se houver outra manhã, que seja eu um vegetal e minhas cores se iluminem por si só em um mundo que também não existe e não exista nele a necessidade de sóis e estrelas. Mais uma nova queda – Sono.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

O de sempre

Pedaço de terra, morte e veneno
sou o engano,
a incerteza,
a loucura e o caos. Falam-me palavras mudas guiadas por Fúrias dentro da mente ecoando a discórdia... Sibila e dói angustia crescente de um eu traído. Desacordo selado no silencio. Venenos sanguíneos memorizados, tradição sublime da destruição.
Agora resta a dança preparatória de todas Valquírias que por mim lutam.
Destino cansado
pés velhos
rugas de decepção
corpo petrificado
Falácias
Salvação pouco provável
Eterno Inferno de Repetições repetidas repetidamente redundantes redundâncias e pleonasmos.
Palavras quebradas desembaralhando-se por essas linhas constituem pseudo frases...
Me violento sempre e depois vomito aqui o que sobra


Será que/ 
“No Regret”?

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Expurgo do coração

Palavras que ecoam dentro de mim como um grito, eu grito, é mudo, é sufoco, é imundo, é mito. Simplesmente o exagerado exageramento do eu, louco, perdido, histérico, paranoico, possessivo, asfixiante.
Dos olhos a necessidade de fuga, o principio, escada para salvação ou danação. Destino incerto, palavras obtusas. Escrevo como se as mensagens fossem meu desabafo, a principio no celular, posteriormente diário.
O afeto teima em não me dar postura para dizer se vá de uma vez, mas a permanência latente corrói cada célula me dando enjoo como se a vida não devesse continuar. É uma disputa de hipocrisia e felicidades aparente, uma disputa por sobreviver, lembrar, esquecer importando-se ou não.

Com boca calada falo com olhos, pele, movimentos cujo quais sempre me comuniquei e que representam a forma a qual eu consigo expressar o que quero... Não faça o amor virar ódio, não enfie lanças em minha bexiga, pois nada é simples e talvez seja até um pouco mais complicado. Me cansa pensar, deixo os dedos digitando sem parar, sem correções, apenas falando o interno o que meu eu talvez não veja, aquilo que me escapa.
Relação morta em estado de putrefação afeta a ambos, mas apenas um adoece. Que escolha tenho?
Não há mais o que tentar, estou morto e assassinado dia após dia por ter você a meu lado lembrando me do estado – inerte.
Me sinto tão egoísta quanto a vontade de ficar isolado, sem força, sem dinheiro, inteligência, beleza ou esperança quero apenas estar deitado no silencio e ter todos rostos apagados, de um passado sem registros, sem família, sem substância... Muitas palavras e nada de me entregarem as tintas que aguardo em frente à casa a antiga.
 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Tulinho ^^

Corpo fechado sem o uso estimado positivamente me deprecio, decaio, deprimo. Viver a vida separado, namorando a mim mesmo, me “insatisfaz” e deixa latente o eu feliz. Por ruas escuras no silencio da noite paralelamente nossos pés arrastam nossas semelhanças e dissabores. Cada um em um momento, tu me apoia e eu te apoio - seguimos. Olhos miúdos e redondinhos como jabuticabas docinhas, boquinha de patinho, postura de homem, coração difícil, é desta forma que te admiro, tu sabe ter o melhor abraço do mundo e sem maiores necessidades me cativou. Ajudando-me passar, pelo que sempre se repete em dados períodos...
Gostaria de saber quanto tempo durará nossa insensatez?
Tu poderia ser meu “laotong”, mas só o tempo dirá se conseguiremos firmar e honrar esse contrato.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Take Shelter

A garganta sufoca e a boca empapuça de sangue. Soco após soco a inconsistência dorme inconsciente... sentidos perdidos. Dor, agonia, ossos quebrados fazem parte desta festa consecutiva – eu me perco.
Nenhuma palavra muito unida, tudo separado – simbólico/real. Tudo o que consigo pensar é “Take Shelter”, mas o sentido é diferente.
Esse texto parece quebrado, meio misturado, uma confusão, uma desconexão linear. “Take Shelter”.
Boca calada,
não consigo falar!
Com braços murchos perco as forças para escrever e volto o sono dominado pelo Ego Onírico... “Take Shelter”.
If you want to get used
Then get used!
Take the pressure
Just tell me what I have to do
To keep myself apart from you
All your colours start to burn

So, take shelter!