Por várias horas, fazendo da rodoviária sua casa com apenas três
sacos pretos como malas, tornozelos inchados e um cubo mágico na mão, fica essa
senhora sentada como se aguardasse o ônibus com o seu destino final. Quantos
mistérios por traz de tanta maquiagem, olhar tímido e vários adereços não devem
estar por traz desse sujeito invisível.
Pessoas passando por um local que leva as pessoas a destinos
diversos em contraste com essa mulher. Ela que apenas fica o dia todo sentada
resolvendo seu cubo mágico até que o dia termine para arrastar suas pernas
cansadas à sua casa no aguardo do dia de amanha. Novamente resolvendo os
enigmas do que já se acostumou fazer.
Diante de um olhar vazio fica a dúvida se resta a ela uma
alma, o que se desmistifica assim que a doçura de sua voz quase em sussurros
expressam a carência de uma senilidade solitária. Calculando diversas vidas,
vendo personalidades ocultas que cruzam os caminhos dando progresso a suas
vidas enquanto a mente dela parodia possíveis, possíveis e impossíveis.
Será que os dias ainda transcorrem? Como passam as horas?
Como age seu intestino e fluídos corporais ao tempo?
Sua mente desapegou de muito e se tornou tão leve quanto o
corpo não pode mais ser – em sobrepeso. Tão leve que flutua quando não é
violentamente subjugada pelas emoções. É uma rotina de viver mesclada a
sabedoria oculta em seus cálculos. Uma das Moiras, Láquesis é seu nome antigo,
abandonado e desacreditado já foi o tempo em que nem o rei dos deuses poderia
contra ela. Tudo o que possui um começo, possui um final.